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Lenda do Guaraná

Das tribos da Mudurucânia, os mais prósperos eram os índios Maués. Venciam as guerras, as colheitas eram fartas, a pesca, abundante, e as doenças, raras. Porém, a rivalidade entre os Saterê-maués e os Apiaká trouxe derrotas e escassez, desestruturando a tribo Maués que mesmo fugindo para áreas distantes, eram perseguiam e mortos pelos Apiká. O pajé da tribo Maués, já não agüentando tal situação, pediu incansavelmente a Tupanã, deus do bem, uma solução pois estava indignado com a fraqueza e passividade de sua gente.

A semente do guaraná lembra um olho...Tupanã, comovido com o apelo do pajé, respondeu que mandaria a tribo um filho para salvar a tribo.O pajé questionou o tempo que isso levaria, pois não havia nenhuma mulher grávida na tribo e também nenhum casal com pretensões de casamento.Tupanã disse ao pajé que não duvidasse, pois na terra em que os bichos falam e os peixes também são peixes, basta que alguém olhe para uma fêmea e que seja retribuído, que ela fique grávida.
Dias depois, não se sabe de onde e nem como, apareceu na tribo um índio estranho, de olhos bem graúdos, expressivos, profundos e possuidor um perfume que encantaram Onimuá-Sapé, a macup-tia icaucarrato mais disputada da tribo. Ela engravidou e ele sumiu no mesmo mistério em que surgiu.

O Curumim nasceu com olhos negros e alvos, com um encarnado da lagarta-de-fogo e uma luz verde, e por isso foi chamado de Cerrá Iwató (Olhos Grandes).Depois de nascimento, os Apiaká não atacaram mais os maués, que voltaram a viver um tempo de fatura. Tudo o que de bom ocorria era justificado pela presença de Cerrá Iwató, que passou a ser vigiado e cuidado pro toda tribo.

Se ia pescar, sua igarité era acompanhada de outras com hábeis pescadores, que o desviavam das águas infestadas de piranhas, jacarés ou poraquês.Se entravam na mata, mateiros experimentados o afastava das castanheiras em safra ou dos ninhos de tocandeiras assanhadas e violentas. Mas um dia a vigilância foi burlada: os Apiaká, apelaram para o curupira, dono do mato, que disfarçado de cascavel, feriu o curumim.

A tribo entrou em grande lamentação e durante horas seguidas. As preces e gritos de desespero se espalharam pela floresta e pelas águas negras do Maués-Açú. Tupã atendeu às lamentações do povo e uma voz que não se sabe de onde veio, determinou:
Tirem os olhos da criança. Plantem na terra-firme, reguem com lágrimas e deles nascerá a planta da vida, aquela que fortalecerá os jovens e revigorará os velhos.

TOADA
Conheça a toada Lenda do Guaraná, do cd 2003 do Garantido
Os Pajés arrancaram e plantaram os olhos do Curumim morto. E durante quatro luas os guardas da preciosa sementeira, velaram e regaram a terra com lágrimas. Uma nova planta surgiu, travessa como os Curumins, procurando subir nas árvores próximas, das hastes escuras e sulcadas, como os músculos dos guerreiros. E quando frutificou, seus frutos de negro azeviche envoltos no aro branco e embutidos em duas cápsulas vermelho-vivo, eram sem dúvida, a multiplicação milagrosa dos olhos do pequeno Príncipe Maué.

A nova planta trouxe realmente progresso para a tribo pelo abundante comércio de seus grãos. E os sábios confirmaram a lenda: o guaraná, como foi chamado, fortalece os fracos, conserva o jovem e rejuvenesce o velho.

Fontes:
Boi-Bumbá festas, andanças, luz e pajelanças - Simão Assayag.-1995.
Mistérios da Amazônia - Documentário. José de Almeida -1996.
Opera House
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